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Sou mais consumista do que o que gostaria de ser mas muitíssimo menos do que o que vejo à minha volta, e ir às compras é uma actividade que não me realiza plenamente, a não ser que seja para comprar livros ou apetrechos de viagem. A cada qual o seu gosto, poder-se-á dizer, mas quando o consumo ultrapassa em muito a necessidade ou vai muito para além do poder de compra, há decerto algo que não está certo.
Passadas mais de duas décadas sobre a instituição do consumismo em Portugal, não consigo ainda entender na totalidade o porquê deste desejo, deste formigueiro que queima as entranhas e que leva as pessoas a comprar, comprar, comprar. Tenho algumas respostas para o fenómeno, desenvolvi algumas suposições, mas mesmo entendendo-o não o posso aceitar e entristeço-me com as escolhas das pessoas e das sociedades.
Custa-me constatar que para a maioria seja mais importante ter do que ser e que aqueles que pouco podem ter optem pelo que de pior existe no mercado. Em vez de água compram refrigerantes, em vez de pão completo empanturram-se com pães-de-leite, em vez de legumes e fruta, enchem-se de batatas fritas e chocolates, e não se escusam de exibir a última geração de equipamentos multimédia enquanto lamentam a crise e se lamuriam com as dificuldades da vida difícil em que nos encontramos
Pelo Natal, os consumistas inveterados, para além de comprarem para si, fazem-no também para os familiares e amigos e distribuem felizes as economias de alguns meses, por vezes amealhadas com dificuldade ou com recurso a cartões de crédito e cheques datados. Não sei se devamos considerar essas oferendas uma forma superior de altruísmo ou uma outra forma encapuçada de plena realização pessoal.
Mas, felizmente, ou muito me engano ou os tempos parecem estar a mudar com a crise mundial, que nos obriga a pensar duas vezes antes de adquirimos determinado produto. E mesmo que para alguns a crise seja meramente psicológica por tanto ouvirem falar dela que até crêem que ela os afecta, mas na realidade continuam a ter o mesmo poder de compra de anteriormente, a outros a crise lesou verdadeiramente e as compras são cada vez em menor número ou em menor qualidade. Verdadeiramente a crise não é de agora, o fraco poder de compra afecta-nos desde sempre, mas andámos anos atrás de anos a endividarmo-nos e a enganarmo-nos, acreditando que por já estarmos no clube dos ricos da Europa podíamos gastar como eles, e então ainda gastámos mais do que eles. Ao contrário do que pensamos, esses ricos da Europa só o são porque souberam e sabem poupar, porque não desperdiçam e porque tendo vivido, de facto, momentos de fome, de pobreza e de crise durante grande parte do século XX, não esqueceram a vida difícil por que passaram. Também estou em crer que a rigidez do Luteranismo educou seres maus austeros e menos voltados para a opulência característica da Europa Católica do Sul, onde prepondera a aparência, a beleza e o fausto.
Gostaria de acreditar que a crise, finalmente, nos levará ao caminho do equilíbrio, ao fim do despesismo e ao retorno ao essencial.
Saí de Berlim pelas 10 horas de uma manhã de Agosto de 1996 com destino a Lisboa. Agarrei no meu carro e deixei para atrás duas cidades em reunificação. Nunca mais lá voltei. Preparo ansiosamente o regresso para o fim de Dezembro para celebrar 2009 e sonhar com um 2010 ainda melhor, naquela que é considerada uma das maiores festas de passagem de ano ao ar livre do mundo.
Cheguei pela primeira vez a Berlim em Outubro de 1994, um mês antes da celebração dos cinco anos da queda do muro, mas ainda eram notórias as diferenças económicas, arquitectónicas, sociais e culturais entre o lado ocidental e o oriental.
A cidade fervilhava de mudança - em Potsdamer Platz encontrava-se o maior estaleiro da Europa, com dezenas de edifícios a serem construídos naquela que tinha sido antes da II Guerra uma das praças com mais trânsito do Velho Continente, transformada no período da Guerra Fria num extenso terreno árido onde só brotava o arame farpado e o famigerado muro. Cinquenta anos depois, finalmente, reconstruía-se o centro de Berlim, em Mitte, que significa centro. O Reichstag (Parlamento Alemão) recebia uma cúpula, hoje visita obrigatória para turistas que querem desfrutar uma vista soberba sobre a capital, e em breve viria a receber os Parlamentares alemães; as estações de metro do lado oriental estavam a ser reabertas e recuperadas, depois de estarem fechadas durante décadas; a parte oriental ganhava cor nos edifícios desbotados das construções pré-fabricadas da RDA e dos prédios setecentistas e oitocentistas que sobreviveram às guerras; estes eram também objecto de restauro e de aquisição ou de aluguer de muitos ocidentais, que pelo seu poder de compra se iam apropriando de muitos apartamentos e edifícios, perante o descontentamento dos ex-habitantes da Alemanha Democrática. O desencanto e a contestação começavam a sentir-se e a nostalgia da "velha" Alemanha Democrática começa a ser notória.
A actividade cultural era intensa, nomeadamente a chamada cultura underground, que prosperava nos velhos edifícios abandonados e ocupados nas zonas mais degradadas de Berlim.
Hoje, os folhetos e guias de Berlim vendem-nos uma cidade renascida, moderna, criativa, multicultural e com uma enorme aposta na nova arquitectura e design. Em breve, o confirmarei - Berlin, bald bin ich da!